Wednesday, January 17, 2007

O Poço



Acima do fundo negro, que pode até ser branco
Ninguém sabe, porque quem lá foi nunca voltou para contar,
Debato-me para ver o tecto

Enquanto que a água sobe, que até pode estar a descer
E eu sem saber, estou de pernas para o ar,
A ser empurrado contra o fundo que é o tecto

Limito-me a respirar, uma golfada de ar de cada vez
E dou uma braçada que demora um dia ou minutos,
Talvez
E que me dão a ilusão de que nado, sem ver as paredes

Sem sol de inverno ou chuva de verão,
À deriva dos dias iguais, sempre iguais,
A única surpresa vem de dentro,
Quando me questiono se o tempo já passou
ou está a passar

Os fantasmas do poço fazem o mesmo
E sem se aperceberem da sua condição
Deixam-me descansar em paz

Às vezes esbracejo, na inutilidade que o gesto tem
Mas a ira de nada vale
Sabendo que se está vivo
E que quem te ouve está morto e não o sabe

1 comment:

a das artes said...

Pois... Apetece-me lançar a corda.

Acorda.

Isto é muito negro.

A cor da.